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A Magia do Espelho: junho 2007

A Magia do Espelho

Espaço para devaneios, reflexões, desabafos, dicas culturais e otras cositas más

O amor não sabe esperar...

Sabe quando você escuta uma música e passa dias e dias escutando-a sem parar? Pois é, ultimamente tenho escutado muito essa música, por isso resolvi postá-la aqui.


O Amor Não Sabe Esperar
Marisa Monte
Composição: Indisponível

Sopra leve o vento leste
E encrespa o mar
Eu ainda te espero chegar

Vem a noite
Cai seu manto escuro devagar
Eu ainda te espero chegar

Não telefone, não mande carta
Não mande alguém me avisar
Não vá pra longe, não me desaponte
O amor não sabe esperar

Ficar só é a própria escravidão
Ver você é ver na escuridão
E quando o sol sair
Tudo vai brilhar pra mim

Abro a porta, enfeito a casa
Deixo a luz entrar
Eu ainda te espero chegar

Escrevo versos
Rosas e incenso para perfumar
Eu ainda te espero chegar

Ficar só é a própria escravidão
Ver você é ver na escuridão
E quando o sol sair
Pode te trazer pra mim

Vai tomar no cú...

A mais nova polêmica no Brasil não tem nada a ver com dólares na cueca, mensalão ou casos extraconjugais do presidente do Senado. Trata-se do vídeo onde a apresentadora Eliana canta o mega sucesso que está no topo das paradas musicais: “vai tomar no cú”. O vídeo foi postado no dia 25 de junho no site http://videolog.uol.com.br/ e já recebeu mais de mil e trezentos comentários.

Muitas pessoas que comentaram o vídeo acharam o máximo ver a loura cantar algo bem diferente da música dos dedinhos que ninguém agüentava mais. No entanto, outros se disseram chocados coma atitude da apresentadora e a classificaram, dentre outras coisas, de descarada, baixa e vulgar.

Alguns pais se sentiram ofendidos com o vídeo e declararam que vão proibir seus filhos de assistirem ao programa da Eliana, pois ela é uma péssima influência. Hellôoow!!!!!! Será que essas pessoas ainda não se tocaram que faz muito tempo que Eliana deixou de apresentar programas infantis? E se ainda apresentasse, tenho certeza que ela não faria algo do tipo no seu programa ou em locais que pudessem causar algum tipo de constrangimento ou mau exemplo para as crianças, pois, além de ver a Xuxa, eu também cresci assistindo aos programas da Eliana e ela sempre demonstrou uma preocupação em apresentar conteúdos de qualidade para as crianças.

Mas sempre existem os falsos moralistas que se escandalizam com uma música que menciona uma expressão tão usada pelos brasileiros como essa, ainda mais se for cantada por uma ex-apresentadora infantil, ainda que seja para uma platéia adulta.

Essas pessoas deveriam se escandalizar com as coisas que estão acontecendo na política brasileira, com a miséria em que grande parte da população do nosso país vive, com a violência que nos aprisiona em nossas casas. No entanto, preferem “crucificar” alguém por cantar a interessantíssimas canção “vai tomar no cú”.

E quem nunca mandou alguém ir tomar no cú? Se nunca mandou, tenho certeza que pelo menos já pensou em mandar ou um dia ainda mandará alguém tomar no cú. Até porque, essa música serve para vários momentos da vida. Ela tanto pode ser uma ofensa como um desejo de felicidade, afinal, tem muita gente que gosta de tomar no cú, não é mesmo?!

Você pode ficar muito “puto” com alguém e mandá-lo ir tomar no cú. Se a pessoa não for adepta dessa prática, certamente ela não ficará muito contente com isso, mas se a pessoa gostar de tomar no cú, o mínimo que ela pode responder é: “Obrigado! Uhuuuu!! Ié, ié!!”.

Então, por favor, não me venham com falso moralismo dizer que isso é um absurdo quando existem tantas coisas realmente absurdas que nos causam revolta e muita gente não está nem aí. Absurdo é ver o dinheiro público ser gasto para benefício próprio de alguns políticos. Pouca vergonha é assistir a todos esses escândalos políticos e se “conformar” com isso, achar que todos os políticos são iguais e não ter consciência na hora do voto.

Eliana, amiga, já estava mais do que na hora de você abandonar aquela música chata dos dedinhos por algo mais moderno e abrangente. Cante, cante muito “vai tomar no cú”. Cante até perder a voz.

Essa música já é mais que sucesso e está na boca do povo. Então, não se reprima, pois agora existe uma forma musical de desejar bons momentos para quem gosta de tomar no cú e também de descarregar sua raiva e mandar todos os chatos do planeta, como disse Eliana, tomarem no cú de uma forma mais elegante.

Se você ainda não viu o tão polêmico vídeo, clique no seguinte link e solte a voz: http://videolog.uol.com.br/video?239756.

Uma pausa para ser feliz...

Hoje acordei feliz, um pouco mais feliz que de costume, contrariando a expectativa do domingo depressivo. Senti vontade de ver a vida acontecer, de ver um pouco do mundo lá fora. Uma das primeiras coisas que fiz foi abrir a janela da sala, que ao mesmo tempo que oferece uma visão dos enormes prédios de concreto da cidade, oferece também uma visão privilegiada do céu. E hoje o céu estava lindo.

Mesmo tendo muitas coisas pra fazer, minha única vontade era deitar meu corpo no sofá da sala e admirar o céu, descobrir desenhos em nuvens, ver a vida passar, pensar em quem já passou pela minha vida e no que eu já passei nela. Fiquei assim por muito tempo, tanto tempo que perdi a noção de tempo.

Lembrei de coisas que estavam bem escondidinhas dentro de mim, tão escondidas que fiquei surpresa ao lembrá-las. Coisas felizes, que iluminaram ainda mais o meu espírito, e também coisas que me fizeram sofrer. Estas, no entanto, não diminuíram minha alegria, pelo contrário, trouxeram paz à minha alma, pois muitas delas me fizeram crescer, descobrir o que é realmente importante pra mim, o que me faz feliz e como levar um pouco de felicidade para cada vida que cruza o meu caminho.

Para acompanhar um momento como esse de paz e felicidade interior, aparentemente sem nenhum motivo especial, nada melhor que uma boa música, músicas que me acalmam a alma, que me lembram pessoas queridas, que me trazem esperança. Sozinha em casa, não senti solidão e nenhum momento, pelo contrário, senti bem perto de mim a presença de Deus e de todas as pessoas queridas que Ele colocou na minha vida.

Admirando a beleza do céu que Ele criou e nos deu de presente, ainda que muitas vezes não o notemos, agradeci por todos os momentos da minha vida, por ter me dado uma família maravilhosa, bons amigos, por dar saúde a mim e às pessoas a quem amo, por nos dar coragem, forças e conforto nos momentos difíceis, por nos proteger sempre, por ter tido uma infância feliz, por ter conhecido pessoas que fizeram a diferença, por fazer aquilo que eu gosto, por todas as vitórias que consegui, por iluminar meus passos, por ouvir minhas orações, por me ensinar com meus erros... Enfim, por ter nos dado a vida, por nos amar mesmo quando erramos feio, por ter criado o céu e a natureza para admirarmos, por ter criado os animais que sempre foram meus grandes amigos, e por todas as coisas que já que trouxeram felicidade e/ou amadurecimento a alguém, por cada detalhe.

No final do dia, lembrei mais uma vez das obrigações que a vida nos dá, de todas as tarefas que deveria ter feito durante o dia, mas não me arrependi nem por um minuto de ter gastado meu dia como gastei. Precisamos dar uma pausa na correria do dia-a-dia, nos permitir ser feliz com o que temos sem achar que o outro tem mais que nós ou sem achar que não é feliz porque ainda não atingiu um objetivo. Precisamos mais ainda agradecer a Deus por tudo, lembrar dos ensinamentos de Jesus e praticá-los todos os dias.

Aprendi que momentos como esses são fundamentais para nos sentirmos felizes, para percebermos que a felicidade não é um estágio que alcançaremos um dia, mas sim algo que podemos ter todos os dias e encontrá-la é muito mais fácil do que pensamos. Ela está nas coisas aparentemente simples: no sorriso de uma criança, no abraço de um amigo, no azul do céu, em um olhar carinhoso, em uma palavra de conforto, em uma boa lembrança, em uma música, no perfume de uma flor, no canto dos pássaros, nas ondas que vêm e que vão, no vento que acaricia nosso rosto e bagunça nossos cabelos.

Decidi que de hoje em diante prestarei mais atenção às coisas e vidas que me cercam e cultivarei mais momentos como esses, pois sem eles corremos o risco de deixar o estresse e a correria da vida moderna nos consumir totalmente, esquecermos que precisamos de pouco para ser feliz e de agradecer a Deus todos os dias por todas as coisas!!!

O lado de fora e o lado de dentro

Há algum tempo você vem notando que suas roupas estão mais apertadas, que você já não cabe naquela calça jeans que comprou há menos de um ano e que as batinhas passaram a ser suas principais aliadas. Você se olha mais uma vez no espelho, sobe pela milésima vez na balança que insiste em esconder embaixo da cama só para não se pesar (mas essa tática nunca funcionou), e concluiu que realmente está mais gordinha. “Ah, foram só alguns quilinhos. É só fechar um pouco a boca que volto para meu antigo peso”, você pensa e conclui que isso não é motivo para desespero, afinal, existem muitas gordinhas felizes e sexys no mundo.

Menos preocupada com isso, você resolve dar uma volta no shopping, quem sabe até ir ao cinema. Tudo vai muito bem até que você encontra aquela sua amiga, colega, conhecida, parente, ou alguém sem classificação nenhuma na sua vida que você não vê há algum tempo. Ao te ver, ela não quer saber como você está, se está bem de saúde, com novo emprego, ou qualquer coisa do tipo, não. Ela não te deixa nem ao menos falar, porque quando você faz menção de abrir a boca para dizer um: “Oi, fulana, há quanto tempo. Tudo bem com você?”, ela se antecipa e diz algo do tipo: “Nossa, como você está forte! O que anda comendo? Você precisa emagrecer”.

“Pois é, né?!”, você sorri e tenta mudar de assunto, mas ela continua: “Você engordou muito desde a última vez que nos vimos, o que houve?”. (Suspiro). Pacientemente, você tenta dar uma explicação para satisfazer a criatura, e se você não tem nenhuma, inventa algo na hora só pra se livrar logo da pentelha, dá um “tchau”, diz que adorou revê-la (o que até poderia ser verdade, não fosse a indiscrição e a insistência dela em falar do seu peso) e cai fora o mais rápido possível pensando nas milhares de coisas que gostaria de ter dito para a criatura.

“Lá, lá, lá, quem é ela pra me dizer isso?”, você pensa. “Como se ela fosse a Giselle Bündchen e eu estivesse deformada”. E tenta seguir seu passeio alegremente. Passa em uma loja e resolve comprar uma roupa nova (fazer compras melhora o ânimo de quase todas as mulheres), mas nada do que você gosta cabe ou fica bem em você, o espelho da loja é extremamente sincero e te mostra o que você não gostaria de ver.

Hora da dieta, que jeito? No primeiro dia corre tudo bem, você consegue seguir o cardápio daquela dieta que você leu em uma revista e que prometia emagrecer 4 kg em um mês. No segundo dia, você tem uma leve recaída e acaba atacando aquele bolo de chocolate que te olhou insistentemente na padaria. Terceiro dia: tenta e consegue comer bem menos, afinal, você precisa compensar as calorias ingeridas com o bolo. Mas a partir daí a sua ansiedade aumenta, você chega a se pesar umas dez vezes ao dia, e torna a esconder a balança para não se pesar mais, como se isso adiantasse. A paciência diminui e o seu humor fica afetado.

Parece que todos sabem que você está tentando fazer dieta e conspiram contra você. Começam a aparecer aniversários infantis, casamentos, comemorações, etc, etc, etc. Como resistir a tantas tentações? Então você percebe que jamais será uma modelo esquelética, mas pode sim emagrecer sem renunciar completamente a tudo aquilo que você gosta. Basta ter calma, paciência e perseverança. Nada de neuras! Afinal, mais chato que fazer dieta é ter que agüentar aquelas pessoas neuróticas com o peso, que não comem nada sem contar as calorias, que acham que comer uma salada vai engordá-las 10 kg, e que, apesar de serem magras, acham sempre que estão gordas.

Aos poucos, você percebe que pode mudar muitas coisas que não te agradam, mas que algumas não podem ser mudadas. Ser "fofinha" pode sim ser muito legal, pois essa é uma característica sua que faz parte de um conjunto muito maior de coisas que formam a pessoa que você realmente é. Cada um tem seu jeito de ser, seu modo de pensar, seus gostos, seu tipo físico, etc. E ainda bem que as diferenças existem, pois seria muito chato se todo mundo fosse igual, como peças saídas de uma linha de produção em massa.

Você se dá conta de que o espelho não precisa ser seu inimigo e que ele pode se tornar um grande aliado. Cada um de nós é um ser diferente do outro, tanto na aparência como no modo de ser, pois somos feitos muito mais do que de aparências. O que faz uma pessoa ser verdadeiramente especial para a outra não é a cor do cabelo dela, não é a cor dos olhos, a altura ou o peso, mas sim o que ela É! O que pensa, as atitudes diante da vida, os sentimentos que possui, o jeito de sorrir, de olhar, de fazer um carinho, de ajudar alguém...

Finalmente, você percebe que não vale nada ter um belo corpo e um rosto de boneca, se você não tem bons sentimentos, se não exercita a mente, se não procura ser justo e com as pessoas (inclusive com você!) e ter sabedoria para viver uma vida feliz. Uma embalagem atraente conta muito na hora de escolher algo, mas se o conteúdo não é de qualidade, certamente não haverá satisfação. Percebe que o espelho mais fiel e sincero que existe são os olhos, que refletem muito além do que a aparência permite ver, revelando a alma das pessoas, e que se não confiarmos e não aprendermos a encarar esse espelho, a “verdade” estará cada vez mais distante e podemos perder os reflexos mais felizes que poderíamos ver.

O "louco", o "mendigo" e a "sociedade"

Perdida em meus pensamentos, só fui puxada das profundezas deles quando da entrada daquele ser tão particular, que afugentou meus pensamentos como se eles fossem pássaros. Mesmo que eu quisesse ignorar sua presença e me perder novamente nas minhas reflexões eu não conseguiria, acho que ninguém conseguiria. Ele entrou sem a menor intenção de ser discreto sendo impossível para qualquer passageiro não notar sua presença. Entrou alegre, falante, ébrio, louco. Como quem volta de uma festa insana que não deveria acabar nunca. Seria um estado temporário ou ele era assim mesmo?
Vestido um segundo, com uma camisa branca encardida, bermuda e boné vermelho e sandálias, seu grito de guerra era: “Uh, ó baurim baum ê!”, ou algo parecido, e cantava o tempo todo uma musiquinha que deve ter feito muita gente pensar: “vota no Gondim que ele mata nóis tudim, vota no Moroni que ele mata nóis de fômi”.
A minha primeira sensação foi de medo, pensava que não deveria olhá-lo muito para não correr o risco de ele falar comigo, já que tenho imã para “doidos”. Senti alívio de não estar sentada perto dele, mas, ao mesmo tempo, tentei me colocar no lugar da pobre moça que estava ao seu lado, sem escapatória, sentada ao lado da janela e ele lhe tapando qualquer possibilidade de fuga.
-“Uh, ó baurim baum ê!”,
Logo em seguida, entra no ônibus um menino, não deveria ter nem dez anos direito. Passava de mão em mão um pequeno pedaço de papelão manuscrito com uma letra que tentava ser bonita explicando para quê pedia dinheiro. Mais um de tantos meninos que pedem esmolas e que inventam os mais diferentes jeitos de fazer isso e que, se esse jeito dá certo, acaba padronizando a mendicância. Pensei que naquele momento estava presenciando a existência de mais dois seres marginalizados da sociedade.
-“Uh, ó baurim baum ê!”, “vota no Gondim que ele mata nóis tudim, vota no Moroni que ele mata nóis de fomi”.
O que o homem tinha de chamativo o garoto tinha de discreto, talvez estivesse com medo daquele homem eufórico que lhe pedia para ver o papel e o menino, agora tenho certeza de que por medo, fingia não escutar. Inconformado, o homem perguntava para as outras pessoas o que tinha naquele papel, pedia de novo ao menino para ver, mas ele continuou ignorando-o. Mesmo quando o homem disse que lhe daria umas moedas o garoto não lhe deu ouvidos. E será que alguém daria ouvidos crédulos àquele homem?
Ao tentar abandonar o veículo, o menino foi impedido por um guarda que estava na porta do meio, talvez já o perseguindo. Disse alguma coisa ao menino, talvez que fosse proibido pedir esmolas no terminal, e este fez que não ouviu, calmamente virou as costas e tentou sair pela porta da frente, mas lá estava novamente o guarda. Pensei no que pensava aquele guarda, que provavelmente cumpria seu trabalho, mas que também deveria saber que aquilo, aquelas esmolas, eram o ganha pão daquele menino. Não estou dizendo que sou a favor da mendicância, mas acho que se um menino, uma criança, passa o dia inteiro na rua mendigando não é por escolha própria. Aquele menino é só o resultado de um problema muito mais complicado e que envolve toda a sociedade e o Estado, então, será que é certo descontar todas as nossas frustrações em cima daquele menino e tentar impedi-lo de conseguir dinheiro para se alimentar quando provavelmente ele não teve escolha? Quando talvez seja mais vítima do que vilão?
Pensei nisso e tive um pouco de raiva do guarda, no mesmo instante em que o homem, a quem muitos, inclusive eu, julgaram louco, declarou que gostaria de acabar com aquele guarda. Para sorte do “louco”, ou o contrário, o guarda não o ouviu. Com essa “coincidência” de pensamentos, tirando o fato de que pensei só para mim e de que ele gritou bem alto o que pensava, refleti sobre o que seria ser louco. Será que louco é aquele que não liga para as convenções sociais e que não tem medo de falar o que pensa e fazer o que tem vontade? Se for isso, ou se isso fizer parte da loucura, acho que muita gente queria e deveria ser louca.
-“Uh, ó baurim baum ê!”, “vota no Gondim que ele mata nóis tudim, vota no Moroni que ele mata nóis de fomi”.
O ônibus partiu, a tarde estava clara e se tornava mais animada com a presença daquele homem, que percebendo o burburinho das pessoas comentando suas atitudes ficava ainda mais excitado. A sensação inicial de medo, de não poder olhar, deu lugar ao divertimento, ele estava divertindo a viagem, mas eu ainda tinha receio de sorrir.
De repente, o homem, que não parava de falar, tirou da mochila que carregava um frasco quase vazio de xampu para bebê. Empunhou o xampu como se fosse uma arma e disse que iria atirar em todo mundo, olhou em direção ao cobrador e disse: “passa todo o dinheiro se não eu atiro. Quero o dinheiro para comprar leito pros meus filho”. De repente, se levantou e chegou bem perto do cobrador para tornar a “brincadeira” mais real, não tive coragem de olhar, não quis dar audiência para esse tipo de espetáculo.
A “brincadeira” acabou quando ele descobriu uma garota sentada no fundo do ônibus e começou a cantá-la em alto e bom som:
“-pense numa gata gostosa! Tu é demais! “Uh, ó baurim baum ê!”, “vota no Gondim que ele mata nóis tudim, vota no Moroni que ele mata nóis de fomi”.
Assustei-me quando ele saiu correndo de repente para a frente do ônibus e desceu num impulso assim que o veículo parou. Quando ele saiu, alguns passageiros do ônibus que ficaram o tempo todo calados, começaram a gritar eufóricos: “valeu, maluco!”, “Valeu, maluco!” .
Confesso que, de certa forma, lamentei sua partida, foram cinco minutos muito divertidos, ainda que com momentos de apreensão. Sem “louco”,menino pedindo esmolas, nem nada que chamasse a atenção das pessoas, todos tornaram a mergulhar nos seus pensamentos, como se estivessem realmente sozinhos, e a viagem seguiu seu curso “normal”, previsível e monótono de sempre.

A danada da TPM

Coisa chata é ter TPM (Tensão Pré-Menstrual), ainda mais quando é em dobro, por causa da TPM (Tensão Pré-Monografia) que quase todo estudante tem antes de se formar!
Um dia você acorda com uma ansiedade terrível, um mau-humor daqueles e a paciência... O que é isso mesmo, hein?! Nesses dias você se sente como aqueles monstros de filmes de terror mais antigos que eram enormes e pisavam em cima de prédios, pessoas, e quem ou o que se colocasse à sua frente. Você não tem paciência pra nada! Parece que tudo está diferente e que o mundo conspira contra você.
Esperar um minuto para que o cara da xérox responda à sua pergunta já deixa você com o sangue fervendo e quando ele lhe diz que não vai poder tirar a cópia do material que você precisa para assistir a aula que já começou há mais de meia hora, você tem vontade de pular o balcão e esganá-lo bem devagar só pra ver a cara que ele vai fazer.
Mas você é uma dama, não pode sair do salto por pouca coisa. Então, você respira fundo, e, muito calmamente, pergunta qual a solução para o seu problema, uma vez que você já vai chegar atrasada para a aula e não pode ir sem o material. Nesse momento, você fica feliz por terem inventado os óculos escuros, pois assim você pode disfarçar o olhar fulminante que está lançando para o pobre infeliz que nem imagina estar lidando com uma mulher com TPM, um ser de alta periculosidade.
Ele sugere que você leve o material para copiar em outra loja, mas deixe um documento para comprovar que vai devolver o material, aí você tem mais vontade ainda de matá-lo! Como se você fosse se sujar para “roubar” a porcaria de uma cópia que não vale nem dois reais. Tudo bem, são normas do local. Você finge que não ouve, mas, mecanicamente, faz o que a criatura pediu.
Finalmente, você consegue tirar a tal da cópia e capricha na cara-de-pau para entrar na aula que já começou há quase uma hora. Dá aquele sorrisinho básico e finge não perceber que o professor lhe detesta só porque você quase não aparece na aula dele e quando vai ainda chega atrasada.
A aula é linda! A pauta de mais uma entrevista coletiva vai ser discutida. Até emociona ver as pessoas tão “unidas” querendo fazer o melhor. Mas quando é mesmo que as pessoas vão ser mais objetivas e deixar de falar sobre o que já leram e discutiram?
Como sempre, aquele seu colega com comentários maravilhosos insiste em chamar a atenção para si, mas você não tá com muita paciência, sabe?! Mais uma vez, você respira fundo, lembra que você é uma pessoa bem educada e deve ser simpática e paciente, ou pelo menos tentar ser. E ele persiste nos comentários, você vira o rosto para a amiga ao lado e insiste para ela dar andamento à discussão de pauta. Olha para o relógio e torce para que o tempo passe mais rápido.
“Que alívio!”. O professor avisa que vai precisar sair mais cedo da aula. “Ai, ai”. Você até fica mais leve, consegue sorrir de verdade, pois vai dar tempo de jogar uma conversa fora com os amigos e tentar relaxar um pouco antes da próxima aula.
Mais calma e com toda boa vontade do mundo, você vai para a aula seguinte. O professor se atrasa um pouco, mas finalmente chega. “Oba! A aula vai começar logo e pode ser que termine mais cedo”, você pensa. Sonha, Alice, que os sonhos ainda são de graça.
O professor vai sentar no fundo da sala, pois alguns alunos vão apresentar seminários, e começa a conversar com outras alunas. Aliás, as mulheres mais tagarelas que você já conheceu em toda a sua vida. Não conseguem calar a boca um minuto e quando todas começam a conversar o barulho fica mil vezes pior que o de feira. “Lá, lá, lá, lá, lá... não estou ouvindo nada!”. Depois de meia hora, o professor decide começar a aula e, pacientemente, ainda que só de corpo presente, você assiste aos deliciosos seminários apresentados por pessoas que quase sempre não sabem o que estão falando.
Fim de aula. “Uhuuuu!”. Vamos para casa descansar. Como ainda não inventaram o teletransporte, você agüenta firmemente uma hora de viagem em ônibus agradabilíssimos, confortáveis, cheios de gente bonita, interessante e cheirosa, até chegar em casa.
“Obaaa!!! Casinha! Banhozinho! Caminha! Iupiiiii!!!”. Então você decide entrar na Internet e conversar um pouco com seus amados amigos, pessoas legais e de quem você gosta muito. “Mas por que justamente hoje eles estão demorando tanto pra responder?”. “Paciência, paciência. Não é com eles, é com você”.
Aí você reflete que é melhor não conversar tanto no estado emocional em que se encontra. Despede-se dos amigos e vai finalmente ter uma bela noite com aquele deus grego: Morfeu, que vai te presentear com bons sonhos e renovar suas esperanças de acordar bem melhor e livre dessa tal de TPM, pelo menos da que acontece uma vez por mês.

A Magia do Espelho

Navegando por aí, encontrei essa mensagem e me identifiquei...

Olhei-me através do espelho
e não vi nada,absolutamente nada.
Às vezes ainda via uns olhos tristes,
outras vezes um sorriso trocista,
ainda às vezes um esgar que mais parecia uma careta.
Mas hoje,eu não vi nada.
Estendi o braço e a minha mão deslizou através de uma superfície lisa e fria
e infinitamente vazia.
Nada!... Nada mais existe!
Será que estou louca?
Não,recuso-me a admitir tal idéia.
Olhei diretamente para mime vi-me desprovida de qualquer peça de vestuário.
Bruscamente abri o armárioe retirei os meus velhos jeans,
um blusão que outrora teria sido azul
e uns tênis já com uma cor indefinida.
Vesti-me e sai furtivamente de casa.
Necessitava estar só
e nada melhor que caminhar pela rua para que esse desejo se concretizasse.
Caminhei muito,
não sei ao certo quanto.
Cada passo que eu davafazia-me sentir um tremor por todo o corpo.
Não sei se era frio,
se era medo,
talvez as duas coisas ao mesmo tempo.
Que estranho,
é o mesmo caminho que eu todos os dias percorro,
só que hoje parece tão diferente.
Confiei nos meus pés
e segui-os até onde eles me quiseram levar.
Não fomos muito mais longe,
mas creio que nunca ali teria estado.
Estava escuro,
um leve nevoeiro pairava no ar
e ao longe as luzes infiltravam-se através dele produzindo aquilo
que eu agora chamaria de belo.
Que espetáculo,
que vontade que eu tive de voar
e tal como o nevoeiro ir ter a um sítio longínquo,
um sítio onde a noção do tempo já não existisse.
Afinal de que fugia eu?
De repente comecei a sentir uma sensação estranha no corpo
e só então me apercebi
que durante o meu estado de apatia a chuva tinha começado a cair.
Mais uma vez olhei diretamente para mim
e perguntei-me,
afinal de que fujo eu?
Sentia a cabeça a estalar devido à confusão de respostas
que nesse momento me afluíram diretamente ao cérebro
e apenas uma teve sentido.
Sim, eu fugia de mim mesma,
fugia da minha imaturidade,
fugia da minha covardia,
fugia da minha própria vida.
Que absurdo!
Seria talvez fraqueza eu demonstrar a minha inexperiência,
no entanto, nessa noite vi claramente o meu outro eu
e senti pena de mim.
Olhei para o céu
e senti o embate da chuva que carinhosamente me acariciava o rosto
e chorei,
não lágrimas de tristeza,
mas sim lágrimas de alegria.
Finalmente eu tinha compreendido.
Compreendi que nem sempre nós ouvimos aquilo que queremos,
nem sempre fazemos aquilo de que gostamos,
nem sempre veneramos aquilo que mais amamos,
no entanto,
bem cá no fundo,
o nosso coração transborda de amor,
amor esse que quer dar,
amor que também quer receber.
Um ladrar longínquo chamou-me à realidade
e senti quase que inconscientemente os meus lábios a abrirem-se
e a formarem aquilo que eu quase pensava já não saber fazer.
Sim, eu sorri
e quase que momentaneamente esse sorriso transformou-se numa estrondosa
gargalhada
ressoando aos meus ouvidos como a mais bela melodia.
Dei meia volta e corri em direção de casa.
Entrei lentamente para que ninguém notasse que eu tinha estado ausente
e entrei no meu quarto.
Olhei em redor
e mais uma vez senti-me a sorrir
e reconheci em cada objeto que me rodeava uma parte da minha vida.
Na parede, um quadro que eu tinha pintado,
em cima da estante o suave odor de alguns perfumes
e aquele boneco quase tão velho quanto eu.
Enfim,
um mundo meu,
mas que no entanto pode fazer parte de tanta gente.
Olhei-me novamente através do espelho
e vi claramente aquilo que ainda posso vir a ser.
By Julia Sousa

O nascimento de um sutil reflexo

Por que fazer um blog, afinal, essa “febre” de blogs já passou um pouco e hoje eles são até considerados “retrô”? Bem, esse desejo de ter e manter um blog não surgiu em mim recentemente. Já faz tempo que queria criar um, no entanto, algumas pequenas dificuldades me impediram de fazer isso antes.
Superadas as dificuldades, fiquei pensando se valeria mesmo a pena fazer um blog, pensando sobre o que escrever, sobre como mantê-lo, e tive medo de expor um pouco da minha alma, dos meus pensamentos e sentimentos. Mas aí vi que não tinha jeito, precisava superar esse medo, já que a profissão que escolhi pede que você trabalhe com a sua alma, com os seus sentimentos, valores, etc.
Algumas vezes o trabalho é lutar contra seus sentimentos, contra a sua emoção, para não deixar transparecer a sua opinião a respeito de determinada coisa. Outras vezes, o trabalho é conseguir transformar em palavras todas as idéias que borbulham na mente e os sentimentos que se confundem no coração.
Sem as “dificuldades técnicas” e lidando melhor com o medo, não havia mais desculpa para não realizar essa idéia do blog. Assim, entro hoje para esse mundo já tão familiar para milhares de pessoas, mas ainda um pouco estranho pra mim.
Hoje é o dia do nascimento do meu blog, um pequeno reflexo da minha alma, do que está além do que se vê. Espero que ele tenha vida longa e saudável, que faça muita gente rir, pensar, discutir, se entreter e até chorar. Ele nasce para que eu possa expor um pouco dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, mostrar meus textos, comentar notícias ou contar qualquer história que valha a pena ser contada.
Fiquem todos à vontade para ler uma coisinha ou outra, comentar algum texto, indicar meu blog para os amigos, colegas, parentes e aderentes, e para participar da construção dele, contribuindo com idéias ou sendo personagem de alguma história que será contada aqui. Sejam todos bem-vindos!

Vale a pena ler de novo

  • A lição final
  • A sangue frio
  • Crônicas de Nárnia
  • George e o segredo do Universo
  • O caçador de pipas
  • O Pequeno Príncipe

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