Dias cinzas são chatos e feios como a cor cinza. Um dia cinza pode ser um dia monótono, enfadonho; pode ser um dia frio, nublado, que apesar de cinza pode se revelar legal no final; e também pode ser um dia em que nada parece dar certo. Este último é o que estou vivendo e sei que às vezes sou exagerada nos meus “dramas”, principalmente se considerarmos o número de pessoas que realmente têm motivos para sofrer; que não têm dias cinza de vez em quando, por que a própria vida delas é cinza.
Mas nem sempre é fácil lembrar disso quando estamos no meio de uma tempestade. Há quase dois meses estou estagiando como produtora de um programa de rádio e esse tempo, aparentemente curto, já foi o suficiente para descobrir que vida de produtor não é fácil; que tem muita gente que quer aparecer na mídia, mas que não tem compromisso nenhum; que tem muita gente chata que quer porque quer aparecer, sem ter nada de importante para dizer; que tem muita gente que não tem um pingo de consideração pelo seu trabalho nem de respeito pelos outros; e que trabalhar com programas ao vivo é realmente uma caixinha de surpresas. E isso foi umas das melhores coisas que descobri.
Tenho aprendido muito nesses meses trabalhando com produção. Tenho aprendido demais sobre a profissão que escolhi, mas também tenho aprendido bastante sobre as pessoas, sobre o “ser” humano.
“Um dia o programa é maravilhoso, outro dia é uma merda. É assim”. Guardei bem essa frase dita por um grande profissional e apresentador do programa. A gente vibra quando o programa dá mais do que certo, mas sempre fica um gosto amargo quando algo não sai como o planejado.
Afinal, produzir é também um jogo de palavras, é dar a sua palavra. E como nos dias de hoje dar a tal “palavra” não é muito valorizado pelas pessoas, pois já se tornou algo tão comum não cumprir com a palavra, a produção está sempre nas mãos dos convidados, acreditando que eles vão cumprir com o combinado, que vão honrar sua palavra.
No entanto, como já disse, para muitos, palavras são apenas palavras e descumprir com algo acertado verbalmente não significa nada demais. Para mim, em muitos casos palavras realmente são só palavras, mas a palavra, quando usada para firmar um compromisso, um acordo, essa deve ser valorizada e cumprida.
Hoje o programa não foi ao ar. Foi cancelado, pois acreditamos na palavra e no compromisso de um convidado que acabou não vindo, não dando nenhuma satisfação, nem atendendo aos nossos telefonemas. Hoje, não podemos nem dizer que o programa foi uma merda, pois não houve programa.
Apesar de saber que a produção fez tudo o que podia ser feito para que o programa fosse ao ar, ficou um gosto ruim, algo como o gosto de fracasso, que é uma mistura de amargo e azedo e demora a passar.
Mas amanhã é outro dia, e sempre pode haver um lindo arco-íris com um pote de ouro no final se escondendo atrás das nuvens cinza e da chuva grossa. Amanhã, e depois de amanhã, e por muito tempo, eu vou lembrar de hoje e não vou esquecer o quanto se pode aprender e crescer quando as coisas dão errado.
Palavras, palavras...
Postado por
Dháfine Mazza
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007
1 comentários:
É verdade, moça...
"Tem dias que é ótimo, tem dias que é uma merda..." Só podia-se completar com "...A vida é assim." Abraços, minha cara!
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