Foi com estranheza que percebi que um dos pontos turísticos gastronômicos de Fortaleza é também um dos pontos de concentração do trabalho infantil. Nas tapioqueiras, é possível ver meninos oferecendo CDs e DVDs piratas a todo instante. Apesar de o trabalho infantil ser condenável em qualquer lugar ou situação, achei muito estranho ver esse tipo de coisa ocorrendo em um lugar tão movimentado. Sim, dois crimes ocorrendo o tempo inteiro diante de centenas de pessoas: trabalho infantil e pirataria. O mais estranho de tudo isso é perceber como somos coniventes com essa situação. Como passamos a achá-la comum e imutável.
Consigo imaginar essa situação sendo polemizada em algum jornal da cidade. Após uma “grande” polêmica, alguém iria dizer que trabalho infantil é crime e proibiria aquelas crianças de continuarem a vender seus CDs e DVDs piratas. Mas isso jamais resolveria o problema, pois o verdadeiro problema é o motivo que leva essas crianças a trabalharem. Se elas fazem isso é porque precisam ajudar suas famílias. Se elas não o fizerem, verão sua família sofrer ainda mais com a miséria. A solução não retirar o problemas dos nossos olhos, mas criar condições para que ele não exista. É dar emprego digno para as famílias brasileiras para que elas possam criar decentemente seus filhos, garantido os direitos básicos de toda criança: educação, saúde e lazer.
Será que um dia alcançaremos essa tão sonhada realidade? Não sei. Tudo que sei é que enquanto nós, os ditos “esclarecidos”, continuarmos a agir como se tudo estivesse em sua mais perfeita normalidade, nada mudará. Enquanto continuarmos como nosso egoísmo, milhares de crianças terão sua infância roubada, assim como a esperança de um futuro melhor. Precisamos para de olhar apenas para nossos umbigos e cuidar do outro. Se não fizermos nada, os mais fracos também não o farão. Pois são vítimas de um sistema podre e gastam toda sua energia na luta para continuarem vivos.
Acredito que a gente colhe o que planta. Se fizermos o bem, colheremos o bem.
Café amargo I
Postado por
Dháfine Mazza
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domingo, 1 de fevereiro de 2009
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