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A Magia do Espelho: Um pequeno desabafo

A Magia do Espelho

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Um pequeno desabafo



Mamãe se foi não tem dois meses, mas, pela quantidade de mudanças e sentimentos que vivi nesse período, parece que já faz um século. A saudade e a falta que ela faz são enormes, indescritíveis, pois ela nos amava incondicionalmente e vivia para nós. Frequentemente sinto seu cheiro, seja em casa ou na rua, penso sempre que ela voltará, que é apenas uma ausência longa, mas que, um dia, ela estará de volta, embora a razão em diga que não.

Além de lidar com a dor da perda de mamãe, com a tristeza e com a saudade, tenho tido que lidar com outros problemas familiares e Deus sabe como o fardo tem sido pesado. No meio dessa luta, que jamais imaginei que passaria, tenho alternado momentos mais “leves” com momentos de profunda tristeza. A minha vontade seria morrer junto com mamãe, assim evitaria tanto sofrimento, mas não foi essa a escolha de Deus, então, tenho que seguir a vida da melhor maneira que posso.

Estou me esforçando para seguir em frente, para fazer um bom trabalho e ser uma boa companhia para as pessoas (elas não gostam de gente triste!!!), mesmo que, vez por outra, lágrimas insistam em cair dos meus olhos. Se me perguntam se estou bem, para algumas pessoas (que não entenderiam o que estou passando), digo que sim, embora contrariada. Para outras, digo que não e acho que as coisas nunca vão ficar realmente bem depois de toda essa experiência triste e traumática. Afinal, vai sempre faltar uma parte de mim. Uma parte quase vital.

Estou aprendendo a fazer as coisas sem mamãe, aliás, sem a sua presença física, pois ela me acompanha dia e noite, em qualquer lugar, sempre nos meus pensamentos e orações. Estou reaprendendo a sorrir, a fazer piadas, a elaborar planos, mas, no meu íntimo, sempre esperando pelo dia do nosso reencontro.

O engraçado e estranho, ao mesmo tempo, é que, embora a morte seja uma realidade para todos nós (não importa o quão bonito, rico ou legal você seja, você também irá morrer, pois a morte vem para todo ser vivo), nós não estamos preparados para lidar com a perda de pessoas amadas. Nem quem perde, nem quem vê alguém perder. Algumas pessoas, se te veem triste pela perda, dizem que você tem que parar de chorar, porque a vida continua. Outras, se te veem sorrindo, acham que você já superou a perda. Sinceramente, acho que ninguém supera a perda, mas aprende a conviver com ela.

No meu caso, estou sempre com essa tristeza no meu coração, mas nem sempre a expresso. Nem todos os dias eu estou “feliz” (como se ser realmente feliz fosse possível agora), nem todos os dias eu quero cortar meus pulsos. Infelizmente, as pessoas ainda olham muito para a vida dos outras e deixam de se importar com a sua. Olha para a vida alheia, não para ajudar, mas simplesmente para julgar. Sei que esse é um comportamento “comum” na natureza humana, mas é difícil de lidar.

Em menos de dois meses, sofri, aprendi e constatei coisas que jamais imaginaria. Entre essas coisas, está a questão da amizade. Recebi apoio de pessoas que já estavam fora do meu cotidiano há muito tempo, de amigos de infância que eu não via há muitos anos, mas que, mesmo assim, guardavam um grande carinho por mim e pela minha família. Foi um momento para revelar também quem são as pessoas que passaram e que estão na nossa vida. Por outro lado, algumas pessoas que fazem parte do meu cotidiano me decepcionaram, não tiveram uma atitude de amigo. Em alguns casos, isso não foi uma surpresa, eu até já imaginava, mas me recusava a aceitar. O comportamento dessas pessoas só confirma para mim o egoísmo delas; o quanto elas se consideram inatingíveis por qualquer desgraça, uma vez que a sua família e a sua vida estão muito bem, obrigada; e o quanto estão apegadas às aparências.

Essas são as pessoas que não gostam de gente triste, que gostam de oba-oba, de dizer “uhu, vida loca! Olha como eu sou feliz”, valorizam mais uma roupa, uma festa ou uma companhia de diversão do que amizades verdadeiras. Para essas pessoas, além de relatar a minha decepção com elas, só tenho algo a dizer: vocês não são inatingíveis e, no dia que passarem realmente por uma barra pesada, somente os amigos verdadeiros estarão lá para ajuda-las. Não vai ter roupa bonita, status ou companhia de farra. Só a família e os verdadeiros amigos. Agora, se não cultivarem essas amizades, a situação será ainda mais difícil.

Esse foi só mais um desabafo, do que posso contar nesse momento, porque se fosse para falar tudo, abertamente, nem sei o que aconteceria. Fico por aqui, digerindo, aos poucos, minhas dores, tristezas e decepções. Elas também fazem parte da vida e eu, como qualquer outro ser humano, não estou imune a elas.

1 comentários:

Janaína Bento 21 de agosto de 2011 às 19:51  

Moça, infelizmente temos que (saber) conviver com todos os tipos de pessoa, caso contrário seremos excluídas do convívio [falo por experiência própria, não sei lidar com gente ainda, tô tentando aprender]. P/ ser sincera, nem imagino o que vc está sentindo neste momento, e acho que muita gente que lhe cerca está na mesma situação. Talvez por isso as mensagens de conforto sejam tão difíceis, sobretudo de quem não é próximo. Qto ao "não gostar de pessoas tristes", sei muito bem do q vc está falando, do que vc está passando e sentindo. Tem gente que não quer ser o apoio, somente o apoiado. É o receber sem dar. Às vezes passamos a msg (sem querer) q estamos fechadas e isso talvez afaste as pessoas que querem se importar, mas não sabem lidar com certas situações. Já falei num comentário anterior (ou p/ alguém) que quando precisar é só me procurar, sou uma ótima ouvinte. Continue escrevendo, faz muito bem.

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